Republicanos
assumem o controle do Congresso nos EUA
David Brooks
OS republicanos triunfaram nas
eleições legislativas intermédias, efetuadas em 4 de
novembro, ao assumir o controle do Senado e ampliar
a maioria na Câmera Baixa, o qual representa que
Barack Obama terá que governar seus últimos dois
anos com o Congresso nas mãos da oposição.
A disputa central destas eleições
foi em torno do controle da Câmera Alta, que até
agora era de maioria democrata. No fechamento desta
edição as projeções preliminares de vários meios
concluíram que os republicanos obtiveram pelo menos
seis lugares adicionais, necessários para conseguir
a maioria e assumir o controle do Senado (e tudo
leva a crer que conseguirão até um total de oito).
Embora os republicanos — o partido
responsável pela guerra no Iraque e a maior crise
econômica desde a Grande Depressão — festejassem a
sua vitória, ela não foi o resultado de uma onda a
favor das suas propostas, mas sim consequência de um
mal-estar nacional.
De fato, o desencanto com o governo
foi o que predominou nas eleições, uma coisa que os
votantes expressaram em entrevistas e com seus
votos, assim como aqueles que determinaram
simplesmente não votar, em umas eleições nas quais
se esperava menor participação do que nas
anteriores.
A briga pelo Senado circunscreveu-se
a oito ou nove Estados, onde prevalecia uma mínima
diferença nas preferências entre os candidatos, com
algumas que se complicavam devido à presença de
candidatos independentes ou de terceiros partidos.
A disputa para conquistar o Senado
de Louisiana será decidida em 6 de dezembro, em um
segundo turno, já que nenhum dos candidatos obteve
50% mais um dos votos necessários. Na eleição
intermédia mais cara da historia do país estiveram
em jogo os 435 lugares da Câmera dos Representantes
e 36 dos postos do Senado, junto com 36 governos,
milhares de postos políticos locais e 147 instâncias
estatais.
A esmagadora maioria dos
legisladores de ambas as Câmeras foram reeleitos, ou
transferiram seu posto a colegas do mesmo partido.
Na Câmera Baixa não estava em risco
o controle dos republicanos, e as projeções
preliminares, no fechamento desta edição, indicam a
possibilidade de que os republicanos pudessem
alargar sua maioria, ao nível mais alto depois da
Segunda Guerra Mundial.
Com a reconquista republicana do
Senado (onde não tinham a maioria há oito anos) e o
incremento de sua já ampla maioria na Câmera Baixa,
proclamou-se que esta derrota não só foi do Partido
Democrata mas também de Obama quem, embora não
estivesse nos boletins de voto, aparecia mais do que
quaisquer dos candidatos nesta contenda.
Nas eleições para governadores
estaduais, as esperanças democratas de derrotar os
republicanos na Flórida e no Texas foram por água
abaixo. (Particularmente na Flórida a vitória
republicana foi importante, ao ser reeleito o
governador Rick Scott, que venceu por estreita
margem Charlie Crist, n.r.).
Dentre as medidas estaduais
aprovadas pelos votantes, Oregon se converteu no
terceiro Estado a legalizar e regulamentar a
produção, distribuição e venda de maconha, informou
a Drug Policy Alliance.
Segundo o roteiro geral da mídia, os
analistas e os próprios políticos, estas eleições
andavam em torno de uma reprovação à gestão de
Washington e a aparente impossibilidade de avanços,
por causa de uma cada vez mais marcante polarização
entre os partidos, o qual levou a uma estagnação
política.
Indicam-se como exemplos a falta de
consenso sobre uma série de temas importantes, desde
a mudança climática até a imigração, entre outras.
Contudo, aparentemente não há a dita falta de
consenso relativamente às políticas bélicas ou de
apoio ao setor financeiro.
Ao mesmo tempo, indica-se que esta
conjuntura eleitoral estava condicionada por
preocupações da opinião pública acerca de múltiplas
crises, desde as renovadas ameaças terroristas até o
vírus do Ébola, percepções de insegurança econômica,
entre outras, que nutrem a erosão de confiança para
Washington.
Contudo, o fator que talvez tenha
mais definido esta eleição, algo que aparece
registrado em quase toda sondagem ou análise, é um
crescente desencantamento popular relativo à classe
política. O Congresso tem seus piores índices de
aprovação (por volta de 14%) e o presidente está em
seus níveis mais baixos de aprovação depois que
chegasse à Casa Branca. Ainda mais, uma esmagadora
maioria opina que o país avança em um rumo errado.
"Esta eleição em suas dimensões
nacionais mostra a frustração com o stablishment
político e particularmente com Obama", resumiu
Antonio González, veterano observador das eleições
estadunidenses e presidente do instituto Willie C.
Velásquez, em Los Angeles. (Reproduzido de La
Jornada).