CUBA
Panorama no tatame
Joe Tejeda
“O
judô não é um simples esporte olímpico de combate ou
arte marcial. Vai mais além, é um estilo ou
filosofia de vida. O melhor emprego da eficiência
mental e física, baseado na ajuda e na prosperidade
mútuas. É importante dizermos que em nível
internacional é considerado o esporte de combate
mais próximo dos métodos e meios didáticos da
pedagogia”.
Assim defende a ética do judô o Professor Titular
da Universidade das Ciências da Cultura Física e o
Esporte, José Silvio Jiménez Amaro, 62 anos, quem
confessa que gosta de escutar, aprender, ser útil e
se considera ele próprio um soldado da Revolução, um
homem que vive para o judô. E se mais preâmbulo,
acedeu a conversar sobre diferentes temas deste
esporte com o Granma Internacional.
O
que o senhor acha do Campeonato Nacional, efetuado
recentemente em Santiago de Cuba?
Segundo minha apreciação, estamos mal na técnica, a
tática e a estratégia. Acho que podemos fazer muito
mais. Relativamente à técnica, nos cubanos era
significativo o ataque por debaixo da faixa ou
cinturão. Havia muitos judocas que tinham essa via
como sua única variante, mas essa ação foi omitida
do regulamento, portanto agora são obrigados a
empregar outras habilidades que antigamente não
dominavam.
Após terem assistido o torneio pela televisão,
muitos espectadores se aproximaram de mim,
perguntando por que todos os combates acabavam com
desqualificação (quatro shidos para o perdedor).
Respondi-lhes que simplesmente tinha sido uma errada
interpretação das regras por parte dos juízes, que
agiram com pressa e não deixaram que fluísse o
combate. Em consequência, determinavam que havia
passividade muito rápido e admoestavam com shido. Um
fato lamentável.
O
torneio de classificação no Barbados...
Há
muita coisa que é imposta pelas federações mundiais
e que encarecem o esporte atual. Esse foi um certame
desnecessário, tendo em vista a proximidade dos
Jogos Centro-americanos e do Caribe em Veracruz,
México e levando em conta a supremacia de Cuba na
área. Mas era obrigado participar porque assim o
estabelecia a União Pan-americana de Judô, a
Federação Internacional e a Organização Esportiva
Centro-americana e do Caribe.
Creio que teria sido melhor levar um time com as
segundas figuras de cada divisão, as quais nunca têm
a chance de concorrer fora, ou com uma seleção de
juniores, porque temos que abrir o leque. Se sempre
apostamos nos primeiros de cada divisão, nunca se
desenvolverão aqueles que vêm atrás. Não pode ser
mais uma viagem, mas sim um novo objetivo.
Expectativas
de olho nos Jogos de Veracruz...
Se
nossos técnicos fazem um plano estratégico para
enfrentar a colombiana Yuri Albear (70 quilos),
bicampeã mundial, podemos vencê-la com Olga
Masferrer e assim ganhar todos os títulos, mais uma
vez. Eis a tarefa mais importante dos nossos
professores, é preciso trabalhar nesses detalhes.
Que não se fale em competições, porque agora o judô
tem suficientes delas ao longo do ano. E para Cuba
um evento centro-americano não é de alta
competitividade.
O
que opina do retorno da vice-titular olímpica
Yalennis Castillo?
É
muito grato seu retorno. Ela é caracterizada por ser
uma judoca corajosa e forte, com a qual não se
perdeu nada até o último segundo. Diz-se que a
mulher aumenta sua fortaleza depois da maternidade,
que a faz ganhar maior força. Ela tem demonstrado
que vem com novas forças. Tem uma jovem e talentosa
rival na sua divisão (78), o que ajuda muito:
Kaliema Antomachín, que vem se sobrepondo, há tempo,
a várias lesões.
Grand
Prix de Havana...
Era um reclame aos brados. Cuba tinha ganhado há
tempo, a possibilidade de fazer esse certame, devido
a sua qualidade, tanto do ponto de vista dos atletas
quanto da organização. Há vários anos foram
estruturadas várias competições, porque alguém
inventou o regime das classificações. Ao ocorrer o
‘gigantismo’ na competição de elite, as
confederações de cada continente assumem o direito
de fazer mudanças, para ir concentrando a qualidade
e que os judocas não vão passear aos eventos.
Obrigam os atletas a participar de vários torneios
para classificar, neste caso para os Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro 2016.
De
que está precisando o judô cubano?
De
mais apoio com os meios, quer dizer, quimonos e
colchões. Maior prática em massa, nós devemos
praticar nosso esporte em todos os municípios, que é
uma matéria pendente. O judô é uma arma da
Revolução, é formativo e educativo. Maior número de
treinadores e maior atenção a eles. Ainda, devemos
utilizar mais a ciência e a técnica. Nós todos
tornamos grande o judô na medida em que o
interpretemos e o representemos.
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